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A GNR de Setúbal e a Universidade de Évora começaram a trabalhar no desenvolvimento de uma plataforma de inteligência artificial que consegue localizar os pontos onde há maior probabilidade de acidentes mortais.

Antonino Ferreira, capitão da GNR no Comando Territorial de Setúbal, já sabe que não se pode fiar nas ideias preconcebidas, quando chega a hora de patrulhar o trânsito. «Não basta saber que está a chover para concluir que vai haver mais acidentes. Se fosse assim as estatísticas diriam que só há sinistralidade no Inverno. Nas autoestradas, também é costume andar com maiores velocidades, mas também há muitos acidentes nas estradas próximas das habitações».

Em Setúbal, o número de acidentes pode não superar as médias de outros distritos, mas há um dado que intriga: em 2018, o distrito liderou o número de mortes nas estradas(65), o que poderá indiciar um caso problemático, tendo em conta que Setúbal não tem tantos carros ou habitantes como Porto (56) e Lisboa (49), que ficaram em segundo e terceiro lugar no triste e mortal ranking apurado pela Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária. Em 2017, Setúbal já havia ficado em primeiro lugar na sinistralidade das estradas – e foi a triste reincidência que levou a GNR a tomar a iniciativa: «Temos dados estatísticos, e conhecimentos, mas precisávamos de subir para um patamar mais científico. E por isso solicitámos a ajuda da Universidade de Évora», explica Paulo Manuel, coronel da GNR no Comando Territorial de Setúbal.

Do repto lançado pelos militares resultou um projeto de investigação que viria a garantir a maior bolsa da primeira leva de 15 projetos de promoção de uso de inteligência artificial na Administração Pública, que mereceram os investimentos da Iniciativa Nacional de Competências Digitais (InCode.2030). Moprevis é o nome da ferramenta que começou a ser trabalhada em janeiro de 2019 e terá de ficar concluída dentro de três anos. «A ideia é desenvolver um instrumento de apoio à decisão, que possa ser exportável para outros distritos do País. Queremos criar um instrumento de predição, que tendo em conta diferentes variáveis, permite indicar onde deverão ser colocados os recursos nos vários locais, com uma base empírica ou científica», descreve Paulo Manuel. (...)

Revista Exame Informática, Março 2019, Nº285